quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Ibsen


Henrik Johan Ibsen (Skien, 20 de Março de 1828Kristiania, 23 de Maio de 1906) foi um dramaturgo norueguês, considerado um dos criadores do teatro realista moderno.
Ibsen teve uma ascendência mesclada por diversas nacionalidades. Seu pai, Knud Ibsen, foi um abastado comerciante de madeiras, casado com Maria-Cornélia Altenburg, que pertencia a uma família aristocrática alemã, fato que ofereceu ao escritor uma infância tranqüila até os oito anos de idade, quando seu pai abriu falência, e a família se viu obrigada a viver mais modestamente. Tal mudança influenciou definitivamente o comportamento de Ibsen que, já tímido por natureza, tornou-se mais isolado e taciturno. A atmosfera familiar também era difícil, pois o pai era um homem dominador e alcoolista, e sua mãe uma mulher submissa, que buscava conforto na religião. Suas maiores distrações na infância eram o desenho e a pintura, paixões que manteve, pois conservou sempre consigo uma coleção de quadros que adquirira.
Na adolescência, Ibsen apaixonou-se pela teologia e se tornou grande leitor da Bíblia, porém pouco pode se dedicar a tal estudo, pois aos dezesseis anos, mediante as precárias condições da família, teve que escolher uma profissão, mudando-se para a cidade de Grimstad, onde passou a trabalhar como aprendiz do farmacêutico Jens Reimann, aí permanecendo por cinco anos. Em 1846, nasce Hans Jacob Henriksen, filho ilegítimo de Ibsen e Else Sophie, uma das criadas de Reimann, que Ibsen assumiu e sustentou imbuído pelo senso do dever.
Ibsen pretendia, nessa época, estudar medicina, mas foi reprovado nos exames de admissão à universidade, passando a se dedicar, então, apenas à literatura. Sua primeira obra para teatro foi escrita ainda em Grimstad, em 1849, Catilina, que na época foi rejeitada pelos editores. Sua segunda peça, Túmulo de gigantes, compõe-se de uma só ato e foi representada no teatro real de Christiania, atual Oslo, em 1850. Produziu algumas sátiras, como Norma, e a epopéia Helze Hundingsbone, adquirindo alguma celebridade. Foi designado, então, para diretor de cena num pequeno teatro de Bergen, o Den Nationale Scene, onde escreveu quatro peças, entre elas Madame Inger em Ostraat, em 1855. A festa em Solhang, de 1856, foi seu primeiro sucesso popular, resultando no convite para uma festa na casa da escritora Magdalene Thoresen, onde conheceu sua futura esposa, Suzannah Daae Thoresen, filha da escritora. Em 1858 casou com Suzannah e em 1859 nasceu o único filho do casal, Sigurd.
Ibsen voltou para Christiania e assumiu o Norwegian Theatre, em 1857, e após a falência desse teatro, assumiu a direção do Christiania Theatre, escrevendo então Os guerreiros em Helgoland em 1858, e a sátira A comédia do amor, em 1862, essa idealizada inicialmente em prosa, mas transformada depois em versos. Nesta obra inicia sua luta contra as mentiras sociais, no caso específico, a hipocrisia do amor.
Em 1861, descontente com suas dívidas, doenças e com a pouca valorização atribuída à sua literatura, chegou a pensar em suicídio. Mediante a falta de apoio da Noruega e Suécia em defesa da Dinamarca, por ocasião da guerra com a Prússia, foi para Roma, em 1864. Nessa época, iniciou uma verdadeira polêmica com o escritor democrata Björnstjerne Björnson, através de correspondência.
Em 1866 escreveu Brand, e em 1867, Peer Gynt. Em 1868 mudou-se com a família para Dresden, onde viveu por sete anos. Começou então sua fase de dramas modernos, destacando-se Casa de bonecas, em 1879, onde se mostrou um defensor da causa feminista e alcançou prestígio internacional, e Os espectros, em 1881. Escreveu em 1882 uma de suas obras de maior destaque, talvez a mais polêmica, O Inimigo do Povo, onde o autor expõs a miséria moral da sociedade através do conflito entre o interesse público e a verdade. Defensor da verdade acima de tudo, em 1884, porém, através de O pato selvagem, acabou admitindo, no final da peça, a necessidade de certas mentiras.
Em 1889, Ibsen conheceu Emilie Bardach, uma jovem da alta sociedade canadense, com a qual passou a trocar correspondência, e especula-se um possível relacionamento amoroso entre eles. Sua cartas foram publicadas após a morte de Ibsen. Vieram então Rosmersholm, A dama do mar e, em 1890, Hedda Gabler. Nessa tragicomédia, através da discussão do papel da mulher na sociedade o autor leva o espectador a refletir sobre a própria existência humana.
Após ter viajado por toda a Escandinávia, Itália e Alemanha, Ibsen se fixou em Munique, em 1885, só voltando à Noruega em 1891. Em 1892 seu filho Sigurd casou com Bergliot, e em 1893 nasceu o neto, Tancred. Em 1894, escreveu O Pequeno Eyolf, onde criticou o papel social da família do século XIX. No drama escrito por Ibsen, a tragédia da morte do filho Eyolf traz à tona o relacionamento do casal, com as dificuldades do compromisso social do casamento. Mediante a não realização individual, o casal deposita seus sonhos e expectativas na vida do frágil Eyolf que, numa atitude de libertação, segue a Senhora dos Ratos, personificação da morte na mitologia norueguesa.
E finalmente, em 1899, Ibsen escreveu sua última obra: Quando despertarmos de entre os mortos. Em março de 1900, Ibsen contraiu uma forte gripe, e em poucas semanas teve o primeiro derrame, e em 1901 o segundo. Em 1902 foi indicado para o Prêmio Nobel de Literatura. Em 1903, após um terceiro derrame, perdeu a capacidade manual de escrever, e morreu em 23 de maio de 1906, sendo sepultado em primeiro de junho com honras de Estado no cemitério Var Freisers.
Acredita-se que a obra de Ibsen foi influenciada pelo poeta dinamarquês Adam Gottlob Oehenschlager, que enaltecia a era viking, e pelo dramaturgo francês Eugene Scribe, autor de mais de quatrocentas peças, muitas delas produzidas por Ibsen na época em que era diretor de teatro.
Costuma-se dividir sua obra em três períodos: romântico, entre 1850 e 1873, realista, entre 1877 e 1890, e simbolista, de 1892 a 1899.
Suas peças mais famosas retratam de forma realista a vida contemporânea, e seu tema central é o dever do indivíduo para consigo mesmo, onde os conflitos psicológicos predominam sobre as situações. Seu individualismo anarquista influenciou as gerações posteriores mas, em sua vida pessoal, Ibsen era conservador.
Suas peças causaram escândalo na sociedade da época, no enfrentamento dos valores morais vitorianos da família e da propriedade, então ainda predominantes. Ibsen defendia a liberdade espiritual, que nada teme, e não se submetia a nenhuma disciplina partidária, apenas à verdade.
OBRAS:
·         Catilina - 1850
·         Kjaempehoien (Túmulo de Gigantes) - 1850
·         Norma - 1851
·         Sankthansnatten (Noite de São João) - 1853
·         Justedalsrypen (O Tetraz de Justedalen) - 1853 - Obra em versos que foi publicada apenas após a sua morte
·         Olaf Liljekraus - 1856
·         Gildet paa Solhaug (A Festa em Solhaug) - 1856
·         Fru Inger til Ostraat (Madame Inger em Ostraat) - 1857
·         Haermaendene paa Helgeland (Os Guerreiros em Helgoland) - 1858
·         Kjaerlighedens Komedie (A Comédia do Amor) - 1862
·         Kongsemnerne (Os Pretendentes à Coroa) - 1864
·         Brand - 1866
·         Peer Gynt - 1867
·         De Unges Forbund (A União dos Jovens) - 1869
·         Kejser og Galilaeer (Imperador e Galileu) - 1873
·         Samfundets Stoetter (Os pilares da Comunidade) – (existe ainda com a tradução “As colunas da Sociedade” - 1877
·         Et Dukkehjem (Casa de Bonecas) - 1879
·         Gengangere (Espectros) - 1881
·         En Folkefiende (Um Inimigo do Povo) - 1882
·         Vildanden (O Pato Selvagem) - 1884
·         Rosmersholm - 1886
·         Os Pilares da Comunidade (1887)
·         Fruen fra Havet (A Dama do Mar) - 1888
·         Hedda Gabler - 1890
·         Bygmester Solness (Solness, o Construtor ou o Construtor Civil) - 1892
·         Lille Eyolf (O pequeno Eyolf) - 1894
·         John Gabriel Borkman - 1896
·         Naar vi doede vaagner (Quando Despertarmos de entre os Mortos ou Quando nós despertamos) - 1899



Acredita-se que a obra de Ibsen foi influenciada pelo poeta dinamarquês Adam Gottlob Oehlenschläger, que enaltecia a era viking, e pelo dramaturgo francês Eugene Scribe, autor de mais de quatrocentas peças, muitas delas produzidas por Ibsen na época em que era diretor de teatro.
Costuma-se dividir sua obra em três períodos: romântico, entre 1850 e 1873, realista, entre 1877 e 1890, e simbolista, de 1892 a 1899.
Suas peças mais famosas retratam de forma realista a vida contemporânea, e seu tema central é o dever do indivíduo para consigo mesmo, onde os conflitos psicológicos predominam sobre as situações. Seu individualismo anarquista influenciou as gerações posteriores mas, em sua vida pessoal, Ibsen era conservador.
Suas peças causaram escândalo na sociedade da época, no enfrentamento dos valores morais vitorianos da família e da propriedade, então ainda predominantes. Ibsen defendia a liberdade espiritual, que nada teme, e não se submetia a nenhuma disciplina partidária, apenas à verdade.
Ibsen reescreveu totalmente as regras de drama com um Realismo teatral, que seria adotado por Chekhov e outros, e encabeçaria suposições, desafiador e falando diretamente sobre questões que têm sido consideradas um dos fatores que transformam a peça em arte, e não entretenimento. Ele teve uma profunda influência sobre o jovem James Joyce, que o venera em seu romance autobiográfico "Stephen Hero".

Referências bibliográficas
  • IBSEN, Henrik (1984), Um Inimigo do Povo, Rio de Janeiro: Editora Globo. ISBN Biografia e comentários sobre a obra de Ibsen (Vidal de Oliveira)
  • IBSEN, Henrik (2003), Casa de Bonecas, São Paulo: Nova Cultural. ISBN Encarte: Henrik Ibsen, Vida e Obra
  • IBSEN, Henrik (1984), O Pato Selvagem, Rio de Janeiro: Editora Globo. ISBN Estudo crítico, Otto Maria Carpeaux
  • VÁRIOS, p. 01 (2000), Nova Enciclopédia Barsa, São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda. ISBN Macropédia, V. 8
  • HELLER, Otto (1912), Henrik Ibsen, Plays and Problems, Boston and New York: Houghton Mifflin Company/ The Riverside Press Cambridge. ISBN n.c. Digitalizado pela Microsoft
  • SILVA, Jane Pessoa da. Ibsen no Brasil. Historiografia, seleção de textos críticos e Catálogo Bibliográfico. São Paulo: USP, 2007.
  • BOYESEN, Hjalmar Hjorth. A Commentary on the Works of Henrik Ibsen (New York: Macmillan, 1894)
  • KOHT, Halvdan. The Life of Ibsen traduzida por Ruth Lima McMahon and Hanna Astrup Larsen. W. W. Norton & Company, Inc., New York, 1931.
  • LUCAS, F. L. The Drama of Ibsen and Strindberg, Cassell, London, 1962. A introdução oferece o fundo biográfico de cada peça, resumos e discussão para o freqüentador de teatro (incluindo as menos conhecidas).
  • Ferguson, Robert. Henrik Ibsen: A New Biography. Richard Cohen Books, London, 1996.
  • MEYER, Michael. Ibsen. History Press Ltd., Stroud, 2004.
  • MOI, Toril. 2006. Henrik Ibsen and the Birth of Modernism: Art, Theater, Philosophy. Oxford and New York: Oxford UP. ISBN 9780199202591.
  • HAUGAN, Jørgen. Henrik Ibsens Metode:Den Indre Utvikling Gjennem Ibsens Dramatikk ( Norwegian: Gyldendal Norsk Forlag. 1977)
  • SHAW, George Bernard. The Quintessence of Ibsenism (1891).
  • ARARIPE JR., Tristão de Alencar. Ibsen e o espírito da tragédia. Porto: Chardron; Lello, 1911.
  • MENEZES, Tereza. Ibsen e o novo sujeito damodernidade. São Paulo: Perspectiva, 2006 (Coleção Estudos, 229)
http://classiclit.about.com/od/ibsenhenrik/a/Henrik-Ibsen-List-Of-Works.htm

http://www.noruega.org.br/About_Norway/culture/Artistas-Noruegueses-de-renome/Henrik-Ibsen/chronological/

http://www.archive.org/stream/henrikibsencrit00brangoog#page/n9/mode/1up

http://ibsen.net/index.gan?id=11111004&subid=0

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