Todos os anos, a 27 de Março, há uma mensagem mundial que homenageia as artes do espectáculo. E os seus intervenientes. A primeira foi proferida por Jean Cocteau, há 52 anos, na inauguração das celebrações do primeiro Dia Mundial do Teatro, criado pelo Instituto Internacional de Teatro da UNESCO.
Este ano, as poderosas palavras pertencem ao multifacetado artista sul-africano Brett Bailey, que nos relembra que, apesar de todos os perigos da actualidade, "desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação", reflectindo sobre o poder do Teatro e o papel imprescindível das artes e dos artistas. Portugal não é excepção. E hoje é possível comprová-lo gratuitamente, um pouco por todo o país. A festa faz-se nos palcos, também junto do seu objecto: o público.
Em Lisboa, o Teatro Nacional D. Maria II mostra-se com uma programação própria, mais dedicada ao público infantil. "A Porta" abre excepcionalmente neste dia (em dois horários). Mais tarde contam-se histórias musicais "No Tempo em que os Instrumentos Falavam" (13h e 17h30, no Átrio) e à noite,"20 Dizer", a homenagem do Trigo Limpo - Teatro ACERT, é uma viagem poético-musical. No Teatro Maria Matos, desenha-se o "Atlas" de Ana Borralho e João Galante. Noutro registo e noutra zona da cidade está "A Cantora Careca", um clássico do teatro do absurdo.
Na margem Sul do Tejo, a celebração começa cedo com "O Que Fica do Que Passa", com Teresa Silva num desafio de "apenas sentir", no Barreiro. À noite, chega a vez da comédia romântica e musical de Fernando Gomes "Viva o Casamento", inspirada no romance "Alves & Cia.", de Eça de Queirós. EmAlmada, é possível comprovar a intemporalidade da mais escandalosa obra de Molière, "Tartufo", com encenação de Rogério de Carvalho. "Prometeu"revela-se também neste dia em sombras japonesas, no Pinhal Novo.
Na Invicta, a festa é em grande. O Teatro Nacional São João (TNSJ) oferece entradas para os quatro espectáculos que tem em cena (dois por pessoa) para assinalar o Dia Mundial do Teatro no Porto. No próprio TNSJ, está em cena o último espectáculo de Ricardo Pais, "Al Mada Nada", que se estreou ontem. O Teatro Bruto regressa a Valter Hugo Mãe com "O Filho de Mil Homens", no Teatro Carlos Alberto. A Circolando regressou em força e comemora também o dia com a nova criação, "Paus e Pétalas", no Mosteiro de São Bento da Vitória. Este ano, o palco estende-se até a sítios inéditos, com estreias como a do Teatro do Vestido, que ocupa as divisões do Palacete Pinto Leito com "Até Comprava o Teu Amor (mas não sei em que moeda se faz esta transacção)".
Em Bragança, o absurdo de Beckett volta a palco com a Ensemble - Sociedade de Actores, que continua "À Espera de Godot". Esta peça integra o Vinte e Sete - Festival Internacional de Teatro, que decorre também em Vila Real e, como já é hábito, escolhe este dia para a abertura.
Descendo um pouco em direcção ao centro do país, Tondela assinala a ocasião com "Siameses", enquanto "Fausta" se apresenta em Coimbra, saída de um desafio proposto à escritora Patrícia Portela pelos actores Pedro Gil e Tonan Quito. Mais perto de Lisboa estão "Definitivamente as Bahamas", do Teatro da Rainha, que comemora em casa, nas Caldas da Rainha. EmOliveira do Bairro, em menor escala, mas sem perder a importância, está"O Teatro Mais Pequeno do Mundo".
Por Mariana Mata
in http://lazer.publico.pt/noticias/332382_uma-volta-ao-pais-no-dia-mundial-do-teatro
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